“Tomei anticoncepcional por cerca de doze anos. Há alguns anos, uma amiga querida tinha me alertado para os malefícios e riscos de tomar pílula e por isso resolvi parar. Três meses depois, meus cabelos começaram a cair MUITO e eu fiquei preocupada. Como tinha acabado de tentar tirar a proteína animal da minha alimentação, achei que tinha sido por falta de alguma vitamina.
Fiquei com medo de que fosse alguma coisa séria e irreversível, que não parasse nunca mais de cair. Foi bastante esquisito, porque sempre tive o cabelo bastante volumoso e ele nunca me deu trabalho. Quando começou a cair (cheguei a perder 50% do meu cabelo), senti saudades de quando eu não precisava fazer nada para ele ficar bonito rs.
Como eles caíam muito no banho, comecei a lavar dia sim e dia não, acreditando que isso fosse reduzir a queda - mas meu cabelo é oleoso e com a interrupção da pílula, só piorou, e é preciso ter o couro cabeludo sempre limpinho para que o cabelo tenha força para crescer. Fui a uma ginecologista e ela me disse que o meu caso era muito comum e que precisaríamos fazer exames para investigar se era déficit de alguma vitamina.
Algumas semanas atrás fui cortar o cabelo pra tentar um corte que desse mais volume e contei o que estava acontecendo pra cabeleireira. Ela me deu algumas dicas muito úteis e já notei uma diferença drástica. Estou fazendo tratamento com a babosa faz algumas semanas (1x por semana faço hidratação com o gel da babosa + açúcar mascavo e massageio bastante o couro cabeludo com a ponta dos dedos. Deixo por 30-40 minutos numa touca de plástico, lavo e passo o condicionador), além de massagear por cerca de cinco minutos o couro cabeludo na hora de lavar (também comprei uma linha de limpeza quenão tem sulfato, sem parafina, petrolato…).
Mesmo com a queda de cabelo, vi muitos pontos positivos em ter parado de tomar a pílula. Acho que o principal é que me sinto mais próxima de entender o funcionamento do meu corpo, do meu ciclo e da minha sexualidade - e isso é muito libertador. Quando comecei com a pílula, tinha o ciclo muito irregular. Com cerca de 14 anos, meu ginecologista da época me disse que eu provavelmente tinha ovário policístico (que é quando existem vários cistos no ovário, aumentando o tamanho dele) e que a pílula me ajudaria. A verdade é que os médicos muito raramente te informam sobre o que você tá ingerindo, que consequências aquilo pode ter no seu corpo, se há outras maneiras não-medicamentosas para tratar o problema...
Enfim, não fazem um diagnóstico decente. Quando comecei a pesquisar sobre a pílula, entendi que aquele remedinho que parece uma balinha não é tão inocente quanto parece e, mais ainda, me distanciava de saber qual era o funcionamento do meu corpo (a libido também se altera bastante com este tratamento hormonal). Não estou dizendo que ninguém deveria usar pílula, apenas acredito que somos muito mal-informadas sobre ela.
Agora, eu mesma tenho procurado fazer tratamentos pesquisando sobre alimentação e tomando menos medicamentos tradicionais. O que posso dizer é que os piores sintomas passaram, que vale muito a pena gastar algum tempo pra investigar os próprios sinais do corpo e conhecer melhor como ele funciona.”
Mariana Castro - 32 anos.
São Paulo, SP.
Publicado em: Terça-feira 02 de maio de 2017 - 16h42